Um desligamento humanizado tem o poder de atrair novos talentos, diminuir o risco de processo trabalhista e, até mesmo, melhorar o clima organizacional.
O primeiro semestre de 2023 tem batido recordes de demissões em massa — a maioria são empresas de tecnologia, segundo dados reunidos pela plataforma Layoffs Brasil. Entre elas estão Google, Nubank, C6 Bank, Loggi e Enjoei. Por outro lado, as expectativas para os próximos meses são de novas contratações, como no setor de serviços.
Em meio à crise, muitas pessoas têm mencionado a palavra “outplacement”. Nada mais é que uma metodologia que busca instruir e capacitar os colaboradores demitidos para que possam ser realocados o mais rápido possível no mercado de trabalho.
Os segmentos que mais utilizam esta metodologia são onde a rotatividade pessoal é maior, como tecnologia, financeiro e indústrias em geral. Nestes setores, as reestruturações são constantes e, por consequência, levam ao número de demissões maior. Este dado é muito interessante, pois casa perfeitamente com uma pesquisa realizada pelo LinkedIn, que apontou que as áreas de tecnologia e financeira contrataram mais profissionais do que o usual dentro de programas de outplacement, em um período 30% menor que o tradicional.
As demissões geram insegurança para todo ambiente corporativo. Por isso, é importante pensarmos na maneira como os colaboradores estão sendo demitidos. Um desligamento humanizado tem o poder de atrair novos talentos, diminuir o risco de processo trabalhista e, até mesmo, melhorar o clima organizacional. Seguem algumas dicas abaixo para as empresas.
Respeite toda a jornada do colaborador
É importante demonstrar o cuidado e respeito que a empresa tem com seus ex-funcionários, o que gera mais confiança e menos ansiedade entre os atuais colaboradores. Ajudar esses profissionais a encontrarem novas oportunidades de trabalho mais rapidamente é uma atitude assertiva tanto para a empresa, quanto para os ex-funcionários e também atuais empregadores.
Atenção às questões jurídica e financeiras
Quando um profissional é demitido, muitos deles — por inúmeros motivos — acabam processando a instituição. No entanto, é possível que, ao perceber que a empresa se esforçou em oferecer algo para ele vir a se recolocar rápido, acabe desistindo desse processo.
De olho na imagem da instituição
Além da questão jurídica, hoje ganhou muita força a imagem da instituição na mídia. Com estes grandes desligamentos, os relatos de ex-profissionais também ganharam destaque nas redes sociais. E isso foi um grande choque para inúmeras empresas, que começaram a ver que talvez a sua demissão seja “desumanizada”. As empresas vêm entendendo que esse impacto de imagem se torna financeiro e, em alguns casos, pode até impactar o valor de suas ações quando o caso viraliza na internet.
Ganhe a confiança de novos colaboradores
Algumas empresas estão percebendo a dificuldade na contratação de novos funcionários. Os candidatos se sentem inseguros ao ver centenas de funcionários sendo desligados e muitos deles criticando a empresa nas redes sociais. É imprescindível ter uma estratégia de posicionamento de marca e respeito no mercado, sobretudo em momentos difíceis.
Redigido por Fábio Cassettari, sócio-diretor do Career Group